BRASÍLIA – Um documento do Ministério da Saúde obtido pelo GLOBO revela que a Precisa Medicamentos solicitou à pasta alteração contratual, na venda da vacina Covaxin, para receber o pagamento à vista assim que as doses fossem embarcadas na Índia, sede da Bharat Biotech, que fabrica o imunizante, em vez de só receber quando as vacinas chegassem ao Brasil e fossem avaliadas pela Anvisa. O ofício também revela que a Precisa tinha intenção de vender para a iniciativa privada, pois solicitou a retirada da cláusula de exclusividade com o governo federal.
O documento expõe ainda contradição no depoimento da diretora-executiva da Precisa, Emanuela Medrades, à CPI da Covid, no último dia 27. Na ocasião, alegando o zelo pela transparência, ela afirmou que a Precisa não solicitou cláusula de sigilo no contrato assinado com o governo federal. Essa solicitação, no entanto, foi formalizada no ofício enviado pela empresa ao Departamento de Logística do Ministério da Saúde, em 17 de abril.
A CPI investiga irregularidades no contrato de R$ 1,6 bilhão celebrado entre a Bharat e o governo federal, com intermediação da Precisa. A transação foi cancelada após suspeitas de irregularidades. Em seu depoimento à CPI, Emanuela Medrades foi questionada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se o objetivo da Precisa era vender a Covaxin apenas para o governo federal. Na ocasião, a diretora-executiva se limitou a responder que havia cláusula de exclusividade no contrato, sem informar que a empresa pretendia vender a vacina para a iniciativa privada.
“Está escrito (no contrato) ‘exclusivamente’. Tem uma cláusula de exclusividade”.
Na matéria completa, exclusiva para assinantes, documento também revela que a Precisa solicitou formalmente ao governo federal, no ofício enviado ao Departamento de Logística, a retirada dessa cláusula de exclusividade, que seria adaptada para impedir a venda da Covaxin apenas para estados e municípios, deixando aberta a possibilidade de venda para a iniciativa privada
FONTE : YAHOO NOTÍCIAS