Infectologista disse que pode existir um limite de doses de reforço quando falamos em proteção. Por isso, é importante investir em novos imunizantes.
Investir em outros tratamentos e continuar desenvolvendo novas vacinas contra a Covid-19. Estes são os próximos desafios impostos pela pandemia, segundo o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda.
“Apesar de entender que houve uma redução da letalidade associada à doença, ainda temos 100 óbitos por dia. É muita gente morrendo. Se colocar na perspectiva do mês, são três mil óbitos, a influenza mata próximo disso no ano. Apesar de todo avanço, precisamos reduzir a letalidade relacionada à doença através do desenvolvimento de tratamentos e novas vacinas”, diz Croda.
Durante um webinar promovido pela Fiocruz nesta quinta-feira (2), Croda alertou que pode existir um limite de doses de reforço quando falamos em proteção.
“Dados de imunologia e vida real mostram que a quarta dose acrescenta bem menos [proteção] que a terceira. A terceira dose gera uma resposta robusta, gera proteção mais duradoura em relação segunda, mas a quarta dose não gera proporcionalmente essa resposta. É importante continuar investindo em novas vacinas“, disse.
“Do ponto de vista econômico e prático é muito difícil manter qualquer ação em relação à política pública de vacinação a cada quatro meses de dose de reforço, sem saber qual o benefício a mais” completou.
Nesta quinta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a pasta vai autorizar a oferta da 4ª dose de vacina contra a Covid-19 para pessoas com 50 anos ou mais.
Spray nasal
Pesquisadores da Fiocruz têm trabalhado com vacinas de spray nasal. No entanto, segundo Croda, falta investimento.
“Vacina de spray nasal é super importante quando pensamos em reduzir transmissão e dar uma resposta imune mais de mucosa. Só falta investimento. Existe um desinvestimento na ciência e esse estudo até o momento não foi pra fase 1, 2 e 3 porque falta dinheiro e precisa de muito dinheiro para fazer um produto nacional”, explicou o infectologista.
‘A pandemia não terminou’
Apesar dos indicadores apontarem uma melhora (o país registrou menor número de mortes por Covid em maio desde o início da pandemia), a pandemia ainda não terminou.
Para Croda, é preciso investir em políticas públicas, ações específicas para Covid-19, mas o Brasil foi n contramão.
“É necessário investimentos, mas não foi isso que aconteceu. Vimos o fim do decreto de emergência pública no Brasil, sem transição adequada em relação ao que vai ser feito na pandemia. Parece que a pandemia terminou, mas a carga da doença ainda é elevada. Não temos uma política de desenvolvimento tecnológico, vigilância epidemiológica. O cenário é melhor, mas a pandemia não termino e precisa de muito trabalho para reduzir ainda mais a letalidade da doença”, finalizou.
Fonte: G1