Opinião

Que o exemplo do enfermeiro Alison seja seguido por todos aqueles que lutam por respeito

“Peço desculpas pela voz. Mas, ainda, dói. Nunca tive um pedido de desculpas dele, ou de alguém falando, reconhecendo que ele estava errado, sem buscar justificativas para essa violência ocupacional.” Embora estivesse tocado pela emoção da lembrança, o enfermeiro Alison Paulineli Gonçalves de Oliveira não precisava mesmo ter pedido desculpas pelas lágrimas. Na verdade, quem merece um pedido desses é ele mesmo e tantos profissionais da enfermagem que passam ou passaram pelo mesmo.

Alison foi ofendido por um médico durante o plantão na Fundação Vespasianense de Saúde. Acredite se quiser, mas “péssimo profissional” foi a expressão “mais leve” que o enfermeiro escutou daquele que deveria entender o que é trabalho em equipe e que sem o profissional da enfermagem, não há serviço de qualidade na saúde.

Mas, em vez de assumir a postura de vítima ou de revolta, Alison optou pela coragem. Procurou as instâncias legais e, também, a representação do Coren-MG. Ele solicitou o desagravo público junto ao conselho e teve a mais do que merecida resposta. Na instituição em que um dia sofreu agressão, não recebeu a atenção que deveria, muito menos, viu providências serem tomadas com relação ao agressor. Porém, teve o acolhimento do Coren-MG com a análise da denúncia, através de dados e relatos de testemunhas, o que resultou em uma cerimônia de desagravo. O momento contou com a presença de colegas, inclusive, de quem presenciou a ofensa do médico, da Responsável Técnica, enfermeira Andreia Júlia Gonçalves Mansoldo Pires, da vice-presidente do Coren-MG, Maria do Socorro Pacheco Pena, além dos conselheiros Claodiomiro da Silva Alonso e Júlio César Batista Santana e do membro da Comissão de Combate à Violência, Sandro Henrique Barbosa.

Nas palavras daqueles que entendem ou que, até mesmo, já passaram pelo mesmo sofrimento que Alison, o conforto e a certeza de que o Coren-MG sempre vai atuar em defesa da enfermagem. “O Coren-MG considera inadmissível estes atos de violência e, a gente trabalha hoje pensando na assistência multiprofissional para que ela aconteça com seriedade. A primeira questão é ter relações respeitosas, sérias e com compromisso”, destacou o conselheiro Júlio.

“A agressão que você sofreu não é fácil. Já fui vítima também e sei o quanto é difícil. Que sirva de exemplo aos seus colegas de trabalho para que não se calem diante da violência no trabalho”, lembrou o técnico de enfermagem Sandro Barbosa.

A vice-presidente do Coren-MG, Maria do Socorro Pacheco Pena reforça a necessidade da denúncia para que o Coren-MG possa defender o profissional.“Esta cena aqui, eu quero que configure para todo o Brasil: que o Coren-MG não permitirá que nenhum ato de violência seja constituído enquanto banal e enquanto momento de estresse. A enfermagem é uma profissão, considerada pela Organização Mundial de Saúde, a espinha dorsal do sistema e esta espinha dorsal não será maculada por nenhum profissional”, garantiu.

Alison representa a enfermagem mineira: profissionais corajosos, destemidos e, sobretudo, éticos. As vezes não é fácil mas, com o Coren-MG, vocês nunca estarão sozinhos!

 

Fonte: COREN MG
https://www.corenmg.gov.br/que-o-exemplo-do-enfermeiro-alison-seja-seguido-por-todos-aqueles-que-lutam-por-respeito/

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