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Mortes de enfermeiros por covid voltam a subir e batem recorde em março

Após terminar 2020 em queda, o número de mortes de profissionais de enfermagem por covid-19 voltou a acelerar neste ano no Brasil, acompanhando o recrudescimento da pandemia em todas as regiões e mesmo com a categoria fazendo parte dos grupos prioritários de vacinação.

Antes de terminar, março já se tornou o mês em que mais houve mortes de enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes por causa do novo coronavírus. Foram 114 óbitos até terça-feira (30), segundo levantamento do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

A marca supera o recorde anterior, de 108 mortes, registrado em julho passado, auge da primeira fase da doença no país, de acordo com o Observatório da Enfermagem, órgão da Cofen criado para acompanhar os casos de covid-19 na categoria em todo o mundo, segundo dados do Conselho Internacional de Enfermagem.

Alta de mortes disparou alerta Os três meses iniciais de 2021 estão se mostrando mais letais para enfermeiros, com 231 óbitos até 30 de março, do que os primeiros 90 dias de pandemia no Brasil, que somou 201 vítimas.

A alta na letalidade entre trabalhadores da linha de frente, que parece acompanhar os indicadores do restante da população, disparou um alerta na categoria, uma vez que o grupo foi um dos primeiros a começar a receber a vacina, em janeiro.

Souza, do Cofen, alerta que a alta nos óbitos não deve ser interpretada como falta de eficácia dos imunizantes, mas sim que os profissionais de saúde não devem baixar a guarda. “Não é porque eu tomei a vacina que estarei automaticamente imune. Cada organismo reage de um jeito e cada imunizante tem o seu tempo para gerar proteção”, afirma.

De acordo com ele, a maioria dos profissionais que tomou a CoronaVac já estão com a segunda dose, que é dada entre 14 e 28 dias após a primeira. Ainda assim, demora um tempo para se alcançar o ápice da resposta imune. O intervalo para as aplicações do imunizante da AstraZeneca/Oxford é de três meses.

A médica infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nota que muitos colegas “tomam a primeira dose e baixam a guarda”. Por isso, em suas aulas e perfis nas redes sociais, ela investe em uma campanha informal que tem como mote “ninguém vai estar vacinado sem ter proteção.

Conselho reclama de falta de transparência dos dados O Cofen reclama da falta de transparência dos dados do Ministério da Saúde sobre o número de vacinados no Brasil. Souza diz estranhar que, no Caderno de Monitoramento da Distribuição das Vacinas e Grupos a Serem Vacinados Contra a Covid-19 no Brasil, atualizado pelo órgão no dia 26, todos os estados constam com o mesmo indicador de 97% dos trabalhadores de saúde imunizados, como se não houvesse variações regionais. E não especifica quantos receberam uma ou duas doses.

O UOL entrou em contato com a pasta, mas não teve retorno. Hinrichsen, infectologista da UFPE, evita tirar muitas conclusões sobre os dados do Cofen, pois sente falta de mais informações sobre o perfil das vítimas Os dados não apontam, por exemplo, se as vítimas atuavam nas áreas exclusivas para atendimento à covid das unidades de saúde.

No entanto, ela chama atenção para a alta das mortes seguir a evolução da pandemia no Brasil e vir na sequência das festas de final de ano, período de férias e depois o Carnaval.

Para a infectologista, o número crescente de vítimas entre os trabalhadores de enfermagem é um recado para toda a população. “Não é hora de baixar a guarda, de deixar de usar a máscara, higienizar as mãos e manter o distanciamento seguro. E ainda vamos ter que ter essas medidas até ter uma massa crítica maior de pessoas vacinadas, em de 70% a 90% da população.”

Fonte:

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/31/mortes-de-enfermeiros-voltam-a-subir-e-batem-recorde-em-marco.htm

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