Servidora da saúde está na comunidade Ketaa, na região do Surucucu e deveria ter retornado para Boa Vista no dia 26 de maio. Ministério da Saúde foi procurado, mas ainda não se manifestou sobre o assunto.
O esposo de uma técnica em enfermagem que atua na saúde indígena dentro da Terra Yanomami procurou o g1 nesta sexta-feira (3) para denunciar que servidores estão sem mantimentos e sem previsão para retornar à capital Boa Vista.
Ele, que preferiu não se identificar na reportagem, relatou que a mulher foi enviada para a comunidade Ketaa, na região do Surucucu, em abril deste ano e deveria ter retornado a Boa Vista no último dia 26 de maio, o que não ocorreu.
O acesso a região só é feito por avião e helicóptero e, segundo o marido, não há uma previsão de novas retiradas de profissionais. Os servidores atuam por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), órgão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ambos subordinados ao Ministério da Saúde.
O g1 procurou o Ministério da Saúde, que responde pelo Dsei-Y, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
“Esse Distrito Yanomami está tratando os profissionais com extremo descaso. Jogam as equipes em área, muitas vezes não mandam os alimentos deles e nunca saem no dia”, disse ele, afirmando que o tempo de trabalho deveria ser de 30 dias.
O homem, que é enfermeiro e também já atuou na reserva, relatou que a servidora está sem alimentação há alguns dias e a falta de água potável também é um problema.
Ele contou que os profissionais que atuam nas comunidades Parafuri, Parima, Waputha, Xitei, além das regiões do Alto Mucajaí, Mucajaí, Maloca Papiu, Kayanau, Uxiu e Pewau também vivem situação semelhante.
“Acredito que já tenha mais de 50 servidores na mesma situação. Porque é uma bola de neve, nesse sábado vai ficar outros voos atrasados e aí já aumenta o número de funcionários sem sair”, disse.
“Só queríamos uma posição concreta da data de retorno para que [os servidores] pudessem ficar mais calmos lá dentro [da Terra Yanomami]”, disse.
Ele disse que só consegue se comunicar com a esposa por meio da radiofonia, a forma de comunicação mais utilizada na Terra Indígena Yanomami. O contato mais recente aconteceu nessa quinta-feira (2).
Essa não é a primeira vez que a servidora da saúde indígena passa por essa situação. Conforme o esposo, esse foi o terceiro caso só neste ano.
“Essa é a terceira vez que acontece com ela só esse ano. Na outra vez ela que retornou estava com malária, saiu direto para o HGR (Hspital Geral de Roraima) e passou 12 dias a mais do que estava programado”, esclareceu.
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Os aparelhos de rádio são instalados nos postos de saúde do Distrito sanitário Especial Indígena (Sesai) e é de lá que servidores se comunicam com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), sediado na capital, Boa Vista.
“Até isso o Distrito não está fazendo. [Não estão] ligando para os familiares e deixando a gente ciente”, afirmou.

Terra Indígena Yanomami
Maior reserva indígena do pais, a Terra Yanomami tem quase 10 milhões de hectares distribuídos no Amazonas e em Roraima, onde fica a maior parte. A região é formada por 371 comunidades de difícil acesso. Mais de 28 mil indígenas vivem na reserva.
A área é alvo do garimpo ilegal de ouro desde a década de 1980. Mas, nos últimos anos, essa busca pelo minério se intensificou, causando além de conflitos armados, a degradação da floresta e ameaça a saúde dos indígenas.

Fonte: G1