Enfermeiros, técnicos e auxiliares pedem melhores condições de trabalho e pagamento do novo piso salarial da categoria.
A vacinação e a coleta de exames laboratoriais foram impactadas pela greve dos enfermeiros, dos auxiliares e dos técnicos de enfermagem, na rede municipal de saúde do Recife. Eles pedem melhores condições de trabalho e o pagamento do novo piso salarial da categoria, que foi sancionado pelo governo federal em agosto de 2022 e suspenso no mês seguinte pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife, somente a vacina antirrábica está sendo aplicada.
O local é referência em vacinação. Na unidade de saúde, o laboratório para coleta de sangue também não está funcionando e a aplicação das vacinas contra a Covid-19 foi paralisada.
Os profissionais da área de enfermagem entraram em greve na sexta-feira (10).
Na maternidade Professor Bandeira Filho, no bairro de Afogados, também na Zona Oeste, um cartaz na porta pede que o STF derrube o veto ao piso salarial da categoria.
Enfermeiros, que não quiseram gravar entrevista, disseram que serviços como exames de pré-natal, neonatal, vacinação e partos seguem normalmente.
Na Policlínica Gouveia de Barros, na Boa Vista, no Centro, a vacinação contra Covid-19 está paralisada. O atendimento para outros serviços está normal.
A comerciante Maria do Carmo foi ao Lessa de Andrade tentar tomar a vacina bivalente contra a Covid-19, mas encontrou o posto de vacinação fechado.
“Já é a segunda vez que eu venho e não consigo. O posto está de greve e não tem data para funcionar. Só os serviços essenciais estão funcionando”, disse.
O porteiro Genário Leandro dos Santos tinha um exame de sangue marcado para esta quinta-feira (16), mas não conseguiu fazer. Foi de jejum ao Lessa de Andrade e deu viagem perdida.
“O rapaz disse que tinha que remarcar. Ficou para o dia 4 de abril”, afirmou.
A greve não tem impacto nas consultas já marcadas ou na marcação de novas. Atendimentos de urgência, emergência e suporte aos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estão sendo priorizados, de acordo com o sindicato da categoria.
Resposta
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) disse que tem acordo vigente até 2024 com a categoria e que “mantém constante diálogo com todas as categorias de servidores municipais”.
A prefeitura tentou barrar a greve na Justiça, mas não conseguiu, e afirmou que “aguarda definição oficial do governo federal” sobre o pagamento do piso.
A Sesau disse que a paralisação “tem tido impacto contundente na desassistência à população” e, das 132 Unidades de Saúde da Família (USF) do município, só há técnicos e auxiliares de enfermagem em 31 delas.
“Isso afeta diretamente a prestação de serviços como vacinação, coleta de exames laboratoriais, curativos, entre outros que são executados por esses profissionais”, disse.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi afetado, segundo a Sesau, tendo mais de 50% das viaturas desativadas “e um consequente aumento no tempo de espera da população do Recife pelas ambulâncias”.
or causa disso, a secretaria convocou técnicos de enfermagem que atuam como bombeiros civis e militares para trabalhar, temporariamente, nas ambulâncias.
Também houve redução nos atendimentos e acolhimentos às demandas de média e alta complexidade, ambulatórios, policlínicas, Serviços de Pronto Atendimento (SPA), maternidades e hospitais.
“O Laboratório Municipal de Saúde também foi diretamente afetado pelo movimento grevista. Tendo em vista que as coletas de amostras biológicas para realização de exames de patologia clínica são realizadas, em sua maioria, pelos técnicos e auxiliares de enfermagem, houve uma redução de 50% na oferta habitual deste serviço”, declarou.
Fonte: G1
