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Derrubando mitos como ‘é só colocar no peito’, campanhas elevam adesão ao aleitamento materno

Roberta conta que nunca pensou que amamentar seria fácil, mas não tinha ideia de que seria tão desafiador:

— Eu me blindei muito das falácias, mas uma parte sempre acaba nos atravessando de alguma forma. Já na apojadura (descida do leite), tive febre, muita indisposição e dor nas mamas. A dor das mastites e das feridas causadas em função da pega errada eram insuportáveis. Meu companheiro me ajudava com massagens para tentar desfazer os nódulos, e o laser aplicado pela nossa consultora trazia alívio, mas estávamos muito perto de formar um abcesso. Falávamos sobre parar. Até entender que a dor emocional de desistir, pois eu sonhei tanto com a amamentação, suplantava a dor da mastite — detalha.

Roberta chegou a fazer translactação, a recorrer ao copinho e à mamadeira, até chegar a fórmulas sem proteína do leite, por uma suspeita de alergia que não se confirmou. Contudo, aos poucos retornou ao aleitamento materno exclusivo. Atualmente, grávida de 7 meses de Teresa, ela se especializa em neuropsicologia e orientação parental.

Ana Jannuzzi, médica especialista em pediatria e moradora da Glória, explica que o leite materno é um alimento completo e vivo e que toda gota que sai do seio é suficiente para nutrir o bebê.

— A qualidade é sempre extremamente rica. O leite materno é abundante em gorduras, proteínas, vitaminas e minerais, e a produção dele recebe um feedback da boca da criança, o que faz com que o leite mude de acordo com a necessidade: quando a criança fica doente, por exemplo. Não existe qualquer outro alimento assim no mundo. A fórmula vem para substituir o leite materno em casos em que não se pode ou não se deseja amamentar, mas ela não tem essa capacidade — diz Ana.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que até os 6 meses o bebê deve ser alimentado somente com leite materno e que após essa idade deve ser dada alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até pelo menos o segundo ano de vida. Ana ressalta que quanto mais a criança mama, mais benefícios ela tem, e que esse fator de proteção se estende até a vida adulta.

— O desmame pode ser natural. Há sociedades que amamentam suas crianças durante seis, sete, oito anos. Com o aleitamento materno, elas terão menos chances de ter doenças alérgicas e cardiovasculares, hipertensão e obesidade, justamente porque tiveram uma alimentação equilibrada pelo menos nos seis primeiros meses de vida — defende a médica.

 

Fonte: O Globo

https://oglobo.globo.com/rio/bairros/zona-sul/noticia/2022/08/derrubando-mitos-como-e-so-colocar-no-peito-campanhas-elevam-adesao-ao-aleitamento-materno.ghtml

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