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As opções de tratamento para quem teve queda de cabelo pós-covid

As razões da queda de cabelo pós-covid ainda não foram totalmente esclarecidas, mas a ciência já aponta algumas possíveis relações entre o vírus e a queda intensa de fios, que afeta um em quatro infectados pelo Sars-CoV-2.

“Sabemos que infecções virais, de uma forma geral, são capazes de promover a queda de cabelo, condição conhecida como eflúvio telógeno agudo”, afirma a dermatologista Jaqueline Zmijevski, de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, membro da SBLMC (Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia).

Além da covid-19, de acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), outros quadros que podem desencadear o eflúvio telógeno são febre, infecção aguda, sinusite, pneumonia, gripe, dietas muito restritivas, doenças metabólicas ou infecciosas, cirurgias, especialmente a bariátrica, por conta da perda de sangue e do estresse metabólico, além do estresse emocional.

No caso da covid-19, quando o paciente percebe que o quadro persiste sem melhora mesmo após um período de quatro meses após a infecção, é fundamental passar por uma investigação.

“O que temos observado é que muitos pacientes que chegam ao consultório com esse problema agudo já tem um problema de base, como a alopecia areata ou alopecia androgenética, que tinha passado despercebido antes”, explica a médica Fabiane Brenner, de Curitiba, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD.

Alguns trabalhos científicos indicam que a infecção viral pode ter servido como um gatilho para a manifestação de outras condições, mas ainda não há evidência robusta o suficiente, de acordo com as médicas entrevistadas pela BBC News Brasil, para afirmar a relação.

O eflúvio, considerado a principal razão da queda de cabelo após infecção por covid-19, é autolimitado, ou seja, tem uma duração predeterminada de dois a quatro meses, caso não haja outra doença associada. Na teoria, não seria preciso tratamento.

“Mas na prática sabemos que a queda incomoda muito e causa apreensão nos pacientes, que têm a sensação que ficarão carecas. Há opções de tratamentos que podem ajudar nessa fase aguda desencadeada pela covid-19 e também para quem tem problemas de base”, indica Vivien Yamada, médica dermatologista de São Paulo, especializada também pela SBD.

Investigação de diagnóstico

Antes de começar um tratamento, é necessário saber a causa da queda dos fios para direcionar melhor a abordagem para cada pessoa.

Por um exame chamado tricoscópio, o especialista examina o couro cabeludo por uma lente com zoom em dermatoscópio e checa características da saúde dos folículos capilares.

O profissional de saúde também pode pedir exames para checar níveis de ferro, vitamina B12, hormônios da tireoide, e outros que poderiam ser indicativos de quadros adjacentes.

Um lembrete importante deixado pelas médicas é que não se deve começar a usar qualquer medicamento ou terapia por conta própria.

“O minoxidil, medicamento muito usado para esses casos, pode causar diminuição da pressão arterial, e, por isso, é contraindicado para pacientes que têm quadros como insuficiência cardíaca ou valvular e arritmia. É necessário que pessoas com essas comorbidades passem por avaliação com cardiologista”, exemplifica Brenner.

Minoxidil, medicamento amplamente usado para estimular novos fios, pode ser usado em forma tópica ou comprimido

Tratamentos tópicos e por via oral

O minoxidil, citado pela coordenadora da SBD, é o principal medicamento receitado para quem sofre com a queda de cabelo. Ele funciona como um estimulante de crescimento de novos folículos, encurtando o tempo de recuperação dos fios.

Ele pode ser usado de forma tópica, direto no couro cabeludo, ou ingerido em comprimidos.

“São abordagens que ajudam, mas, ainda assim, é necessário explicar sobre o processo para o paciente, já que o meio da crise de queda de fios causa ansiedade. Ele precisa entender o ciclo, saber que a melhora pode não ser tão rápida”, afirma Brenner.

Medicamentos anti-inflamatórios e corticoides, que combatem os danos causados por infecções virais, também podem ser receitados, mas sua eficácia depende muito do quadro de cada paciente, e, por isso, não é recomendável usar sem direcionamento médico.

Outra opção bastante receitada é a biotina, um suplemento que melhora a qualidade dos fios. Mas embora possa ser usado como tratamento complementar, as médicas alertam que não há evidência científica de que a substância ajude em casos de eflúvio.

O exsynutriment também pode ser usado como um tratamento ‘extra’ para a saúde dos fios em geral, mas não para é considerado efetivo para tratar eflúvio. “É uma fonte de silício, que ‘puxa’ a água pra onde a gente tem queratina, ou seja, sua função é auxiliar na hidratação da pele e do cabelo”, explica Yamada.

Inflitração com medicamentos e vitaminas no couro cabeludo é opção de tratamento a depender do diagnóstico do paciente

Inflitrações

A microinfusão de medicamentos no couro cabeludo também pode ser utilizada para queda intensa de fios. O procedimento costuma ser usado como complemento.

“Utilizamos microagulhas imersas em medicamentos que realizam pequenos furos de profundidade controlada, fazendo com que os ativos sejam entregues de maneira otimizada, precisa e uniforme. Além disso, as próprias agulhas promovem aumento da vascularização local e liberação de substâncias que ativam a multiplicação celular, o que também favorece crescimento capilar”, aponta Zmijevski.

A intradermoterapia, também conhecida por mesoterapia, e o microagulhamento utilizam desse mesmo princípio.

A mistura de substâncias é particular de cada caso, mas pode levar medicamentos anti-inflamatórios, minoxidil, vitaminas e outros.

Em casos em que a alopecia é constatada, as infiltrações podem conter bloqueador hormonal como a finestertida, que inibe a ação do hormônio que age no quadro.

Embora não seja consenso entre todos os médicos, a especialista Jaqueline Zmijevski comenta que o laser de baixa frequência também é uma opção para ajudar no crescimento de novos fios.

“Atua melhorando a vascularização local e consequente aporte de nutrientes, diminui o processo inflamatório ao redor do folículo, minimizando a queda dos fios, caspa, coceira e descamação, além de estimular as mitocôndrias, organelas celulares responsáveis por fornecer energia ao folículo, otimizando a produção de novos fios.”

Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62383439

 

Fonte: BBC

https://www.bbc.com/portuguese/geral-62383439

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