Equipe do Coren-RJ visitou o Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti. Autarquia destacou a coragem e sensibilidade dos trabalhadores da unidade.
Integrantes do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) visitaram o Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na segunda-feira (11). A entidade afirmou que vai acompanhar os desdobramentos da prisão de Giovanni Quintella Bezerra, anestesista preso por estuprar uma grávida durante a cesariana.
Segundo o conselho, a presidente em exercício da autarquia, Ellen Peres, foi até o local para dizer que o exercício profissional da Enfermagem precisa ser garantido. O Coren-RJ solicitou à direção do hospital o acompanhamento do caso e afirmou que está prestando apoio aos profissionais que denunciaram o médico, inclusive jurídico.
Homenagem
O Coren-RJ destaca ainda que o flagrante do crime só foi possível por causa da sensibilidade e coragem dos profissionais, que observaram um comportamento fora do protocolo em duas cesarianas anteriores e decidiram filmar o médico anestesista para saber o que estava acontecendo.
O conselho afirmou ainda que a visita também teve como objetivo homenagear as profissionais da categoria que trabalham na unidade.
“O Coren-RJ foi até o hospital para cumprimentar as colegas por esse precioso serviço prestado à sociedade, em especial à paciente vítima, honrando toda Enfermagem brasileira por atitude tão edificante para toda categoria, que tem como missão salvar vidas, prestando cuidados 24 horas por dia, do nascimento à finitude da vida”, afirmou o conselho por meio de nota.
Em entrevista ao Encontro, a delegada titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de São João de Meriti (Deam) afirmou que a ação da equipe da enfermagem foi fundamental para o caso.
“A atitude deles foi exemplar, foi fundamental para a prisão em flagrante, principalmente. É uma prova muito consistente, fundamental, que vai basear praticamente a investigação e o processo futuro. Então a atitude deles foi perfeita. Eu elogiei e reverenciei a equipe do hospital dizendo que eles atuaram quase como polícia, os policiais. Eles fizeram uma bela coleta de provas”, afirmou Bárbara Lomba.

Cremerj
O caso também está sendo acompanhado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Giovanni foi suspenso na tarde desta terça. Com a decisão, ele fica impedido de exercer a medicina no estado do Rio de Janeiro. A medida, segundo o conselho, “é um recurso para proteger a população e garantir a boa prática médica”.
Também está sendo instaurado um processo ético-profissional, que pode levar à cassação definitiva do registro.
“Vamos fazer isso, respeitando sempre os prazos e os ritos, porque temos que prestar satisfações a estâncias superiores. Nós não podemos passar de determinados limites. Mas tudo que puder ser feito com maior rigor possível, no menor tempo possível, você pode ter certeza que será feito pelo Cremerj”, explicou Munhoz.

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) declarou que já está atuando “no sentido de banir da saúde e da sociedade esse monstro covarde e violento”.
Uma reunião extraordinária será marcada para reunião para debater o assunto.
O governador Cláudio Castro (PL) também se manifestou sobre o crime.
“Fiquei estarrecido ao saber do caso brutal do médico anestesista do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, filmado estuprando uma paciente. Determinei que haja rigor e celeridade na apuração da denúncia gravíssima. O Governo do RJ dará todo amparo e apoio necessários à vítima”, tuitou.

Prisão preventiva
O anestesista teve a prisão convertida em flagrante no começo da tarde de terça. Ele passou por audiência de de custódia realizada na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, para onde foi levado no fim da tarde de segunda. Ele foi transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu.
“A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”, afirmou a juíza Rachel Assad.
Surpresa com prisão

Em um vídeo, Giovanni aparece demonstrando surpresa ao receber voz de prisão da delegada Bárbara Lomba e ao tomar conhecimento de que tinha sido gravado abusando da paciente. A polícia agora vai tentar descobrir outras possíveis vítimas do anestesista.
A TV Globo teve acesso ao vídeo da prisão (veja acima). Giovanni foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.

A Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde, a que o Hospital da Mulher de Vilar dos Teles, em São João de Meriti, está subordinado, repudiaram em nota a conduta do médico anestesista.
“Informamos que será aberta uma sindicância interna para tomar as medidas administrativas, além de notificação ao Cremerj. A equipe do Hospital da Mulher Heloneida Studart está prestando todo apoio à vítima e à sua família”, afirmaram.
“Esse comportamento, além de merecer nosso repúdio, constitui-se em crime, que deve ser punido de acordo com a legislação em vigor”, emendaram.
A direção do hospital informou que abriu uma sindicância interna e notificou o Cremerj.
A defesa do anestesista disse que aguarda acesso à íntegra dos depoimentos para se manifestar (veja a nota completa mais abaixo).
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Funcionárias desconfiaram e gravaram cesárea
Enfermeiras e técnicas do Hospital da Mulher gravaram Giovanni abusando de sua paciente na madrugada desta segunda-feira. O vídeo serviu de prova para a prisão em flagrante.
As funcionárias vinham desconfiando do comportamento do anestesista e estranhavam, por exemplo, a quantidade de sedativo aplicado nas grávidas.
As enfermeiras e técnicas responsáveis pelo flagrante contaram que, no domingo (10), o médico já tinha participado de outras duas cirurgias em salas onde a gravação escondida era inviável.
Na terceira operação do dia, elas conseguiram, de última hora, trocar a sala, esconder o telefone e confirmar o flagrante.
No vídeo do flagrante, a paciente está deitada na maca, inconsciente. Do lado esquerdo do lençol, a equipe cirúrgica do hospital começa a cesariana. Enquanto isso, do lado direito do lençol, a menos de um metro de distância dos colegas, Giovanni abre o zíper da calça, puxa o pênis para fora e o introduz na boca da grávida.
A violência dura 10 minutos. Enquanto abusa da gestante, o anestesista tenta se movimentar pouco para que ninguém na sala perceba. Quando termina, pega um lenço de papel e limpa a vítima para esconder os vestígios do crime.

Nota de defesa de Giovanni Quintella
“A defesa alega que ainda não obteve acesso na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a lavratura do auto de prisão em flagrante. A defesa informa também que após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação realizada em desfavor do anestesista Giovanni Quintella”.
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